Matosinhos celebra a figura de Nikola Tesla
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Matosinhos acolhe a inauguração da versão itinerante de Nikola Tesla, o génio da eletricidade moderna, realizada em colaboração com o Museu Nikola Tesla de Belgrado.

A Fundação ”la Caixa”, com o apoio do BPI e em colaboração com o Museu Nikola Tesla de Belgrado, apresenta em Matosinhos a exposição Nikola Tesla. O génio da eletricidade moderna, uma mostra itinerante que percorre a vida e a obra do engenheiro sérvio, figura fundamental na história da ciência graças ao desenvolvimento de inventos que marcaram o século XX.
A exposição pode ser visitada a partir de hoje no Parque de Estacionamento da Biblioteca Florbela Espanca / Galeria Municipal de Matosinhos, e a inauguração oficial terá lugar no próximo dia 31 de outubro, com a presença da Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, da responsável territorial da Fundação ”la Caixa” em Portugal, Ana Feijó Cunha, e do comissário da exposição, Sergi Romeu.
Com esta exposição, a Fundação ”la Caixa” reconhece o trabalho do genial inventor sérvio, a quem devemos contribuições como a invenção do motor de indução, o desenvolvimento da corrente alternada como fonte de energia e a transmissão sem fios de energia e informação. Os visitantes poderão observar módulos eletromecânicos que reproduzem o funcionamento dos principais engenhos criados por Tesla, permitindo compreender de forma didática e clara alguns dos princípios físicos por trás das suas invenções.
Nikola Tesla foi um verdadeiro pioneiro em áreas da ciência e da tecnologia que já estavam em expansão, mas também em outras que só seriam reconhecidas muitos anos depois, como a robótica ou as comunicações interplanetárias. Existem 280 patentes documentadas de Nikola Tesla em 26 países diferentes, mas admite-se que haja outras ainda por identificar.
Apesar da sua genialidade e visão, Nikola Tesla não tinha grande perspicácia para os negócios e foi plagiado por alguns contemporâneos. Após décadas de contributos relevantes em vários campos científicos — alguns dos quais acabaram por levá-lo à ruína — morreu sozinho e foi praticamente esquecido durante anos, embora mais tarde se tenha tornado um ícone popular, envolto em algumas teorias da conspiração inverosímeis.
Esta exposição, que inicialmente esteve patente no Museu da Ciência CosmoCaixa e em vários CaixaForum, foi agora adaptada a um formato itinerante que percorrerá diversas cidades de Espanha e Portugal. Em Matosinhos, poderá ser visitada até 26 de novembro de 2025, no Parque de Estacionamento Biblioteca Florbela Espanca/Galeria Municipal de Matosinhos, permitindo aproximar a figura de Nikola Tesla de um público mais vasto.
A exposição: um percurso cronológico pela vida e obra de Nikola Tesla
A exposição faz um percurso pela vida de Nikola Tesla e pelos avanços tecnológicos que impulsionou, por ordem cronológica, começando pelo seu nascimento em 1856, que foi rodeado por uma aura de lenda por ter nascido durante uma tempestade elétrica de verão, o que alguns interpretaram como um presságio extraordinário.
Explica-se também que o interesse de Nikola Tesla pelos fenómenos elétricos surgiu ainda em criança, quando, ao acariciar o seu gato, a eletricidade estática produziu faíscas ruidosas devido ao atrito da sua mão. Já jovem, iniciou os estudos de engenharia elétrica na Escola Politécnica de Graz, onde idealizou novos tipos de motor.
No verão de 1883, quando trabalhava para a Continental Edison Company, filial europeia de uma das empresas de Edison, Nikola Tesla apresentou a sua primeira grande invenção: o motor de indução, que refletia uma das suas ideias mais persistentes: construir um motor que funcionasse através de um campo magnético rotativo, e não com comutador e escovas, como era habitual nos motores elétricos da época.
O motor de indução magnética de Nikola Tesla baseia-se no princípio, já demonstrado por Michael Faraday, de que eletricidade e magnetismo são duas manifestações de uma mesma força: um campo magnético variável induz uma corrente elétrica num condutor e, simultaneamente, uma corrente elétrica gera um campo magnético.
Sem conseguir apoio financeiro para desenvolver o seu revolucionário motor de indução, Nikola Tesla decidiu abandonar a Europa em busca de oportunidades. Em 1884, mudou-se para Nova Iorque, onde começou a trabalhar na Edison Machine Works. A sua relação com Edison deteriorou-se quando este recusou cumprir as promessas financeiras feitas, levando Nikola Tesla a demitir-se e fundar a sua própria empresa, a Tesla Electric Light & Manufacturing, enfrentando grandes dificuldades económicas e um período de depressão.
Entre 1886 e 1887, Nikola Tesla concentrou-se no desenvolvimento do potencial da corrente alternada, cuja intensidade e voltagem variam ao longo do tempo, ao contrário da corrente contínua, que mantém valores constantes, como acontece numa bateria.
O magnata George Westinghouse, interessado nas aplicações comerciais da corrente alternada, adquiriu sete patentes de Tesla que resolviam os principais problemas da transmissão elétrica a longa distância. Nikola Tesla começou então a trabalhar na Westinghouse Electric & Manufacturing Company, num contexto de feroz concorrência entre empresas norte-americanas.
Alarmado pela nova tecnologia de Nikola Tesla, que ameaçava os seus interesses, Edison iniciou uma campanha pública agressiva, conhecida como a “guerra das correntes”, recorrendo a táticas de medo e desinformação sobre os perigos da alta tensão.
Dois episódios marcaram o desfecho dessa guerra. Primeiro, a Exposição Universal Colombina de Chicago (1893) concedeu à Westinghouse os direitos para fornecer energia elétrica ao evento, onde 12 geradores bifásicos de Tesla produziram três vezes mais energia do que a consumida pela restante cidade. Depois, a empresa obteve o contrato para construir o sistema de geração de corrente alternada nas Cataratas do Niágara.
Nos seus laboratórios de Nova Iorque, Nikola Tesla desenvolveu investigações em áreas como os raios X, a transmissão sem fios de energia (criando o primeiro comando à distância), a radiodifusão e as bobinas de Tesla, geradores de alta tensão e frequência que permitiam criar campos elétricos poderosos capazes de transmitir corrente sem fios.
Em 1899, devido à potência crescente dos seus geradores, Nikola Tesla instalou um novo laboratório em Colorado Springs, onde estudou as propriedades condutoras da atmosfera terrestre. O seu sonho era aproveitar as características físicas da Terra para fornecer energia gratuita em qualquer ponto do planeta. Desenvolveu então o conceito do Sistema Mundial de Transmissão de mensagens, telefonia e imagens, precursor remoto daquilo que viria a ser a internet.
Após esse período criativo, em 1900 regressou a Nova Iorque e procurou investidores para o seu projeto. Em março de 1901, obteve 150.000 dólares de John P. Morgan em troca de 51% das patentes resultantes, e iniciou a construção da Torre Wardenclyffe, um gigantesco transmissor que acabou por ser abandonado quando Marconi conseguiu transmitir com sucesso um sinal de rádio do Reino Unido para a Terra Nova.
O abandono do projeto marcou o início da ruína de Nikola Tesla. Sofreu dificuldades financeiras e de saúde nos últimos anos da vida, isolando-se progressivamente, até morrer em 1943, aos 86 anos, num hotel de Nova Iorque.
Nikola Tesla. O génio da eletricidade moderna
De 23 de outubro a 26 de novembro de 2025
Parque de Estacionamento da Biblioteca Florbela Espanca / Galeria Municipal de Matosinhos
Abertura ao público em geral:
De segunda a sexta, das 12h às 13h30 e das 15h às 19h
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 13h e das 15h às 19h
Visitas guiadas para escolas e outros grupos:
De segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 15h
Reserva através do número de telefone 21 556 24 95
Visitas comentadas para o público em geral:
De segunda a sexta, às 17h
Sábados, domingos e feriados, às 11h e às 17h
Fundação ”la Caixa”: 50 milhões de euros para 2025
A Fundação ”la Caixa” iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no grupo CaixaBank. Em 2025, destina 50 milhões de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica.





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