Nos dias 25 e 26 de novembro, as praias de Leça da Palmeira (sábado) e Matosinhos (domingo) serão o ponto de encontro para a primeira etapa a norte do novo projeto criado pelo tricampeão português de surf, Frederico Morais, destinado às jovens esperanças do surf nacional. Um legado e um compromisso que assume querer partilhar com as novas gerações.
Há uma nova competição de surf especialmente direcionada para crianças e jovens surfistas nacionais, com a chancela de um dos mais relevantes surfistas portugueses da atualidade. A Frederico Morais Legasea Tour mergulha nas águas das praias de Matosinhos e de Leça da Palmeira, para um fim de semana de pura competição, convívio e novos ensinamentos.
Este é um projeto pioneiro e, porque não, familiar, através do qual Frederico Morais pretende “assumir um compromisso com as novas gerações” e passar os valores mais nobres do desporto, mas não só. Trata-se de um programa de performance desportiva e de desenvolvimento de jovens surfistas nos escalões mais jovens de formação, até aos 14 anos, e que passa também pela consciencialização sobre o meio ambiente e a proteção dos oceanos.
“Quero deixar um legado e chegar às camadas mais jovens, mostrando-lhes toda a vertente que está associada ao surf, desde proteger e respeitar os oceanos, as praias, respeitarmo-nos uns aos outros, dentro e fora de água. No fundo queremos criar awareness sobre estas temáticas”, além da vertente competitiva que lhe-é inerente, refere o surfista em conversa com a Ágora.
A Legasea Tour é diferente dos outros torneios direcionados às camadas mais jovens. Existem vencedores e vencidos, mas o “conceito é distinto”. É composto por três rondas e nenhum surfista perde em cada volta. Quem tiver o somatório das melhores ondas surfadas, ganha. “O que diferencia a Legasea das restantes competições é o facto de todos terem iguais oportunidades, surfam uns contra os outros. Mas ninguém que vai ao primeiro heat, acaba a perder, deixa de competir e não tem mais oportunidades. O importante é estarem dentro de água e surfarem o máximo de tempo possível”, explica.
“Como surfista sei o que é entrar na água e, ao fim de 20 minutos, sair porque correu mal. Isso não faz de nós nem piores, nem melhores surfistas. Nas camadas mais jovens é muito importante não desistirem, nem desanimarem nestes momentos. No Legasea, se o primeiro heat correu mal, há sempre o segundo e o terceiro para tentar. No final, o foco desta tour não é saírem vencedores, gostamos que os pais estejam também envolvidos e percebam esta dinâmica”.
Neste projeto, Morais quer a participação e o envolvimentos dos pais e encarregados de educação nesta fase tão importante para os jovens em formação e fazer com que eles se apercebam da pressão da competição. “Não é aos 10 ou aos 14 anos que vamos fazer campeões, isto é um processo. Antes de chegarem a esse patamar têm de ser pessoas com consciência do que os rodeia seja na praia, na escola, em sociedade, no mar…”, conclui.
Toda a experiência que o surfista português adquiriu ao longo dos anos, desde muito jovem até ao topo da sua carreira, foi marcada por uma “presença familiar muito vincada e fundamental”. Ter a família “por trás a apoiar-nos é uma mais-valia gigante”, reconhece. Por esta razão não será de estranhar que, neste projeto pessoal, Morais tenha incluído o pai. “Senti que não só eu, como o meu pai, tínhamos algo a passar a estas gerações”.
A primeira etapa da tour aconteceu na Costa da Caparica, em abril. A segunda acontece este fim de semana no Porto, uma cidade que Frederico Morais visita com assiduidade e da qual tem as melhores recordações, desde os tempos em que começou a competir nos campeonatos juniores e a nível nacional. “Sempre consegui ótimos resultados no Porto, curiosamente”. “Costumo surfar no Porto tem ótimas ondas. A água é um bocadinho mais fria, mas faz parte [risos]”.
Kikas na primeira divisão do surf mundial
A meio do ano passado Kikas (como carinhosamente é chamado pela comunidade do surf) saiu do circuito mundial após o corte no ranking. Foram tempos difíceis, mas o regresso do surfista à primeira divisão do surf foi marcado pela resiliência, muito trabalho, sacrifício e treino. Esta foi uma vitória “vincadamente pessoal porque tratou-se de uma meta que impus a mim mesmo” e ter a bandeira portuguesa representada na World Surf League “é muito especial”. “Só nós é que sabemos o que custa e o que temos de trabalhar para aqui chegar. Esta terceira vez soube muito bem, teve um feeling diferente, foi bem suada e vem de um ano mais complicado… e é isto que quero transmitir, nunca desistir dos nossos objetivos e sonhos”.
Programa
25 de novembro
Praia de Leça da Palmeira
08h00: Check-in dos atletas
09h00 às 18h00: Competição de Surf
26 de novembro
Praia de Matosinhos
08h00: Check-in dos atletas
09h00 às 16h30: Competição de Surf
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