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Mercadona de Matosinhos suspende trabalhador que é delegado sindical

Um funcionário do supermercado Mercadona de Matosinhos foi suspenso por "violação grave" dos deveres laborais, segundo a carta que lhe foi entregue pela empresa


Foto: Pedro Correia/Global Imagens

Para o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, a suspensão deve-se ao facto de o trabalhador "ter feito valer os seus direitos enquanto delegado sindical". A situação foi revelada numa ação de denúncia, ao final da manhã desta quarta-feira, dia 1 de março, à porta da loja.

Nelson Campos tem 38 anos e trabalha há quatro naquele supermercado, situado na Rua Sousa Aroso. Exerce a função de operador especializado e, em outubro, foi eleito delegado sindical. No dia 6 de fevereiro, recebeu em mãos uma carta da Irmãdona Supermercados, Unipessoal, Lda, dando conta de que lhe tinha sido instaurado um processo disciplinar, por "existência de indícios de violação grave dos seus deveres laborais".

Considerando "inconveniente" a presença do funcionário nas instalações, nomeadamente para "a averiguação de tais factos", e por ainda não ter sido possível elaborar a "nota de culpa", a empresa suspendeu-o, embora sem perda de remuneração. A carta acrescenta que a "suspensão preventiva da prestação de trabalho vigorará até notificação escrita em contrário".

O JN tentou, por várias formas, obter esclarecimentos junto da empresa, mas não recebeu qualquer resposta.

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) acredita que se trata de "represálias" por ter havido "um piquete de greve no dia 24 de dezembro de 2022", ação essa que resultou num "ataque ao delegado sindical", pode ler-se num comunicado distribuído à Imprensa.

Em declarações ao JN, Nelson Campos referiu que naquele supermercado há outros casos de "perseguição", mas os colegas "mantêm-se no silêncio com medo de represálias". Acrescenta que há "uma cultura de culpa e de medo".

O CESP afirma ainda que "os trabalhadores sofrem pressões excessivas com aumentos exponenciais de tarefas". Luís Figueiredo, representante do sindicato, disse ao JN que, "muitas vezes, chegam a trabalhar até dez dias seguidos", porque as trocas de horários e de folgas não cumprem as disposições legais e são feitas "à ultima da hora e em cima do joelho".

"Todos os delegados sindicais da Mercadona foram embora desta forma, sob pressão", acusa ainda Luís Figueiredo. No comunicado, o CESP também refere que a empresa tem seguido "uma política interna salarial discriminatória", levando a que trabalhadores mais recentes avancem a nível salarial mais rapidamente do que os mais antigos.

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