A missão de Paulo Carvalho
- Notícias de Matosinhos

- 19 de jun.
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Quais foram as prioridades do seu mandato?
As prioridades foram bastante objetivas. Em primeiro lugar, reorganizar toda a estrutura da União de Freguesias, dotando-a de uma lógica mais empresarial ao nível da gestão interna. Somos uma freguesia muito grande — com mais de 50 mil habitantes — mas, à semelhança das restantes, temos poucos recursos e muitas dificuldades. Era essencial reestruturar processos e otimizar meios. Paralelamente, definimos três grandes áreas de intervenção: a acção social, o envelhecimento ativo e a juventude. Foram os pilares do nosso trabalho ao longo destes quatro anos e, a meu ver, com sucesso plenamente alcançado.
Pode dar um exemplo desse sucesso?
Claro. Um dos melhores exemplos é o projeto Vivências Seniores, que foi relançado com uma nova abordagem. Apesar de já existir anteriormente, decidimos interromper o projeto para o repensar desde a base. Passou a ter acompanhamento de uma psicóloga clínica, foco na saúde mental e física, combate ao isolamento e, no fundo, na promoção da felicidade dos nossos seniores. Este trabalho foi reconhecido com o prémio “Autarquia do Ano”.
Em que consiste, concretamente, o projeto Vivências Seniores?
É um programa pensado de raiz para maiores de 65 anos. Começa com uma avaliação feita pela psicóloga clínica, que depois se repete no final do “ano letivo”. Entre esses momentos, os participantes têm acesso a treino cognitivo e diversas atividades físicas, sociais e culturais, todas interligadas com o objetivo de melhorar o bem-estar global dos utentes.
Quantas pessoas estão envolvidas?
Neste momento temos cerca de 250 utentes — um número que já ultrapassa os limites geográficos da freguesia. Temos participantes de outras freguesias de Matosinhos e até de fora do concelho.
Que atividades integram o projeto?
Há atividades mais tradicionais, como teatro, canto coral, dança ou ginástica, e outras mais diferenciadoras, como biodança, musicoterapia, tai chi chuan e yoga. Há propostas focadas na vertente física, outras mais mentais ou culturais.
Queremos saber mais sobre a parceria com a Stradar. Em que consiste?
É um excelente exemplo de responsabilidade social empresarial. A Stradar tem sido incansável no apoio às famílias mais carenciadas, através de um protocolo que já vigora há dois anos. A empresa apoia-nos financeiramente na aquisição de bens alimentares, que depois são distribuídos às famílias sinalizadas.
Como é feito esse processo de sinalização?
de um departamento específico, com técnicos especializados em ação social, que existem tanto em Leça como em Matosinhos. São eles que avaliam as famílias com base nos critérios legais. O executivo não tem acesso à identidade das famílias, apenas aos números de processo.
Este apoio vai manter-se?
Sem dúvida. Ajudar quem mais precisa é uma obrigação da freguesia, à qual nunca nos poderemos demitir.
Recentemente foi inaugurada a nova sede dos Escoteiros de Leça da Palmeira. O que representa esse projeto?
Foi a concretização de um desejo antigo da associação, e que só foi possível graças ao apoio da Câmara Municipal de Matosinhos. Os escoteiros têm vindo a crescer e a fazer um trabalho notável, e mereciam melhores condições. Foi, acima de tudo, um acto de justiça e de reconhecimento pelo trabalho que desenvolvem.
O festival BreakUp também tem crescido. Qual é a sua importância?
É um projecto que começou no Parque Florbela Espanca e que tem vindo a ganhar dimensão. Trata-se de um festival de arte urbana que cruza cultura e desporto e que já vai na quarta edição. Este ano realizámo-lo na praia e notou-se o envolvimento massivo da comunidade. É inteiramente produzido com “prata da casa”: artistas locais, escolas de dança, associações. Prova da qualidade que existe na nossa freguesia.
A Junta também tem uma bolsa de apoio a artistas. Pode explicar?
Criámos uma plataforma que permite divulgar os nossos artistas locais, dando-lhes visibilidade para que possam ser contratados por outras entidades. É uma forma de apoiar a cultura e incentivar a profissionalização dos nossos talentos.
E em relação aos jovens? Como está o projecto do Jornal Jovem?
É um projecto muito interessante, mas com desafios. Muitos dos jovens que começaram connosco foram estudar para fora do concelho, o que dificulta a continuidade. Estamos a tentar captar novos elementos e dar-lhes um espaço de expressão. É importante contrariar a ideia de que os jovens não se interessam pela comunidade. Eles interessam-se, mas é preciso dar-lhes espaço.
Os campos de férias tiveram uma adesão impressionante.
É verdade. As inscrições esgotaram em menos de uma semana. Tínhamos 250 vagas e ficámos com lista de espera. Estamos a tentar aumentar a capacidade para acolher mais crianças. As famílias confiam em nós, e isso é gratificante.
Que tipo de actividades incluem os campos de férias?
Praia, desportos como ténis, surf, bodyboard, vela, futebol, voleibol e defesa pessoal. Há também uma componente cultural e ambiental, com actividades em parceria com a LIPOR, que promove a educação ambiental.
Quantas pessoas recebem apoio alimentar?
Temos um número estável de cerca de 500 beneficiários. Mas o apoio vai além disso: fornecemos artigos de primeira necessidade a recém-nascidos de famílias carenciadas, apoio na compra de medicamentos, e acompanhamento profissional com o Gabinete de Inserção Profissional.
Com tanta actividade, o pessoal da Junta é suficiente?
Tenho uma equipa extraordinária. Trabalham com dedicação, muitas vezes 24 horas por dia, se necessário. Nada do que fazemos seria possível sem eles. É uma palavra de profundo agradecimento.
Quais os próximos eventos previstos?
Muitos! Já realizámos o BreakUp e o Dia da Criança. Estamos a ultimar os campos de férias, o São João em Leça da Palmeira, o apoio às comemorações dos 100 anos do Mártir S. Sebastião, as festas de Santana e a Primavera Cultural. Este ano antecipámos a programação de outono devido às eleições. Vamos continuar a trabalhar até ao último dia do mandato.
Que balanço faz do mandato?
O mais importante foi a humildade e dedicação do executivo, e o facto de termos envolvido toda a comunidade — associações, instituições, cidadãos. Criámos uma verdadeira rede de cooperação, que é a nossa maior marca.
Que mensagem gostaria de deixar aos cidadãos de Matosinhos e Leça da Palmeira?
A mesma que deixei no início: se, no final do mandato, a nossa terra estiver um pouco melhor do que estava, ficamos de consciência tranquila. Agradeço a todos os que acreditaram em nós e se juntaram a este esforço coletivo.





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