CRPF Lavra: 70 anos de sucesso
- Notícias de Matosinhos

- 5 de mar.
- 3 min de leitura

Como chegou ao clube?
Foi numa ida à praia da Agudela. Vi uma construção que pensei ser um supermercado, mas, passados alguns meses, quando lá voltei com os meus filhos, percebi que era um pavilhão. O meu filho tinha aulas de patinagem na escola e jogava num concelho vizinho. Sendo de Matosinhos, fazia mais sentido praticar cá. Como morávamos perto do clube, decidimos juntar-nos. Comecei como seccionista, ajudando na logística e apoio aos miúdos. Foi assim que começou a minha aventura. O meu filho trouxe-me para o clube, mas não é ele que me faz continuar. Já passou o sentimento inicial de apenas ajudar. Agora, lidero uma instituição com cerca de 250 atletas, com trabalho no desporto escolar, social e adaptado, em parceria com escolas e instituições.
O projeto já não se limita ao desporto, mas também à formação cívica e moral. O clube é de portas abertas à sociedade, não só de Lavra, mas de todo o concelho de Matosinhos. Foi um desafio lançado por José António Pereira, especialmente porque temos instalações próprias, e manter um pavilhão gimnodesportivo não é fácil. A Câmara Municipal de Matosinhos (CMM) apoia-nos através de candidaturas para manutenção, e, ao longo dos anos, temos vindo a consolidar o nosso trabalho, estando sempre abertos à comunidade.
Em que ano chegou ao clube?
Foi em 2017. Antes disso, fui vice-presidente e depois assumi a presidência. Esta função tem um grande impacto na vida familiar e profissional, devido à exigência e responsabilidade. A maioria dos dirigentes não recebe qualquer rendimento pelo seu trabalho, e o esforço é grande. No entanto, ver os atletas crescerem e irem para a universidade dá-nos um enorme sentimento de dever cumprido. Além disso, temos a vertente do desporto inclusivo. Somos um dos poucos clubes apoiados pelo IPDJ há três anos consecutivos. A base do clube é o hóquei em patins, desde 1998, mas a aposta no desporto adaptado trouxe-nos vantagens, como a interação entre atletas com e sem necessidades especiais, promovendo a superação de dificuldades. Trabalhamos com instituições como a ALADI, a AJUD e a APPCDE Matosinhos, e seguimos uma calendarização anual específica para o desporto adaptado.
Quais os principais desafios que o clube enfrenta?
O maior desafio é encontrar pessoas dispostas a colaborar. Vivemos numa sociedade onde há cada vez menos envolvimento comunitário. Ser dirigente ou ajudar nos jogos implica responsabilidade, e muitas pessoas evitam esse compromisso. Apesar disso, sou muito grato a todos os voluntários que temos. Todas as equipas são autónomas ao nível dos delegados, que são voluntários como eu.
Outro desafio é a sustentabilidade financeira. Em Portugal, o desporto fora do futebol recebe pouco apoio. Pedir a alguém para treinar e ainda ter que pagar não é fácil. Poucos clubes de Matosinhos possuem instalações próprias, e a gestão financeira tem sido crucial para a nossa sobrevivência. Atualmente, cerca de 50% do financiamento vem dos pais, o que é muito significativo. Apenas 15 a 17% é apoio público, e o restante provém de patrocínios e projetos sociais.
Temos também um desafio de organização interna. Estamos a investir na informatização e digitalização do clube. Além disso, gerir um pavilhão avaliado em 1,6 milhões de euros implica uma grande responsabilidade. Queremos garantir a sustentabilidade futura e preparar a sucessão para que o clube continue a crescer de forma estruturada.
Quais os momentos mais marcantes no clube?
Desportivamente, a subida à 2.ª divisão há quatro anos foi um marco. Houve um grande envolvimento e mobilização. Outro momento especial foi quando ganhámos, pela primeira vez, o projeto "Desporto para Todos". A cerimónia de abertura, no nosso pavilhão, contou com a presença da CMM, da Junta de Freguesia, do IPDJ e de várias associações. Esse foi um passo crucial para reforçar o nosso papel no desporto inclusivo.
Quais os planos para o futuro do clube?
O nosso objetivo imediato é concluir o processo de obtenção da licença de utilização do pavilhão. Foi um grande desafio legalizar o espaço junto da Autoridade Tributária, e conseguimos fazê-lo pagando a pronto. O próximo passo será candidatar-nos ao PRID, um programa do IPDJ para a requalificação de instalações desportivas. Queremos melhorar algumas áreas do pavilhão, nomeadamente o bar social e o telhado, que sofre bastante por estar junto ao mar.
Outro objetivo é preparar a sucessão na liderança do clube. A continuidade depende das pessoas, e queremos garantir que a estrutura está bem organizada para o futuro.
Que mensagem gostaria de deixar aos sócios e atletas do clube?
O CRPF Lavra existe para os seus sócios e atletas, e conta com todos para continuar o seu caminho. Sem o envolvimento da comunidade, nada disto seria possível. Queremos que as pessoas se aproximem e participem ativamente no clube. A nossa forma de estar no desporto é diferente e tem tido sucesso, graças a todos os que dedicam o seu tempo para ajudar os outros. Queremos continuar a gerir o clube com envolvimento e profissionalismo, mantendo-o como um verdadeiro pilar da comunidade.





Comentários