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Diana Dias: "A decisão tem de ser dos jovens — e sentida"

Numa altura em que milhares de jovens se preparam para dar um dos passos mais importantes das suas vidas — a escolha do curso superior — falámos com a professora doutora Diana Dias, Reitora da Universidade Lusófona. Com uma visão clara sobre os desafios atuais do ensino superior, Diana Dias partilha conselhos úteis para os futuros universitários, destaca os projetos inovadores da instituição e sublinha a importância de uma formação com impacto real. Uma conversa que revela como a lusófona está a transformar o ensino, a aproximá-lo do mercado e a torná-lo mais acessível e responsável.

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Estamos numa fase decisiva para muitos jovens. Que conselhos deixa a quem está a escolher o Ensino Superior?

Este ano houve uma mudança significativa no acesso ao Ensino Superior, com novas regras nas provas específicas. Por isso, o primeiro conselho é simples, mas crucial: estejam atentos e bem informados. As médias dos anos anteriores poderão não refletir o comportamento deste ano.

Em segundo lugar, recomendo que escolham uma licenciatura com uma base sólida e ampla — que permita adquirir um leque diversificado de conhecimentos e, mais tarde, fazer uma especialização com mais consciência e maturidade, por exemplo, num mestrado.

Outro aspeto essencial é verificar se o curso está avaliado pela A3ES, a agência nacional de avaliação, e se permite o acesso a ordens profissionais, caso isso se aplique. E claro, valorizem cursos com estágios integrados ou experiências práticas — essas vivências são fundamentais para o autoconhecimento e para a preparação para o mundo profissional.


A presença em Lisboa e no Porto influencia a missão da Universidade?

Influencia profundamente. Temos polos em Lisboa e Porto, com propostas formativas homólogas, mas ajustadas à realidade local. No Porto, já temos dois polos — um na Batalha e outro mais recente, com excelentes condições e uma vista privilegiada sobre o Douro.

Desenhamos os cursos com proximidade ao tecido empresarial e social de cada cidade. Um bom exemplo é o curso de Gestão Comercial, cocriado com a Associação de Comerciantes do Porto, que identificou necessidades concretas do setor.

Além disso, desde o 1.º ano, os nossos estudantes têm contacto com o mercado de trabalho através de estágios, desafios práticos, masterclasses e projetos imersivos. Queremos formar profissionais com pensamento crítico e capacidade de atuação no mundo real.


A Lusófona tem protocolos que reduzem propinas. Pode dar exemplos?

Temos sim. Embora sejamos uma universidade privada, somos também uma cooperativa, o que significa que temos uma missão para além do lucro. Estabelecemos parcerias estratégicas que ajudam a tornar o acesso mais justo.

Por exemplo, temos um protocolo com o FC Porto, que oferece condições especiais a associados e familiares. Além disso, desenvolvemos pós-graduações em parceria com o clube, sobretudo na área do Desporto e da Gestão. Os alunos participam em experiências únicas: de manhã aprendem a teoria, e à tarde acompanham a prática, desde a logística de um jogo até ao debriefing pós-partida.

Estes protocolos reforçam a nossa missão de abrir portas ao conhecimento com qualidade e responsabilidade social.

 

Quais são os grandes projetos em curso ou previstos para o futuro?

Projetos não nos faltam — o desafio é mesmo gerir tantos! Este ano abrimos a licenciatura em Economia e foi um sucesso. Estamos a trabalhar na criação de um ninho de startups no Porto, promovendo o empreendedorismo sustentável.

Realizamos regularmente hackathons e concursos de ideias, em que os alunos resolvem desafios reais apresentados por empresas. Incentivamos equipas multidisciplinares para aproximar diferentes áreas de saber.

Temos também o projeto Lusófona Voluntária, que aproxima a comunidade académica de organizações que acolhem voluntários. E somos a única universidade privada portuguesa a liderar uma Universidade Europeia, o que reforça a nossa dimensão internacional e inovadora.


Como avalia o desempenho dos centros de investigação da Universidade?

Com muito orgulho. A Universidade Lusófona é atualmente a maior universidade privada do país, e colocámos pela primeira vez os nossos centros à avaliação da FCT. Os resultados foram muito positivos.

Destaco o iLab na área da Psicologia e tecnologias interativas, que teve a melhor classificação nacional. Na área do Direito, da Comunicação, do Som e do Cinema também recebemos ótimas avaliações. O nosso mestrado em Som, por exemplo, tem vagas preenchidas para os próximos dois anos.

Temos colaborações com instituições como o IST, UTAD, Universidade de Coimbra, entre outras. Estamos presentes nas áreas que ensinamos, com centros reconhecidos, e o nosso compromisso agora é consolidar essa excelência e ir mais longe.


Como está a Universidade a transformar o ensino e a aprendizagem?

Estamos a transformar continuamente. O ensino não pode ficar parado — os estudantes mudaram e as suas necessidades também.

Utilizamos metodologias ativas como gamificação, simulações e projetos colaborativos. Um estudante de Comunicação pode desenvolver um trabalho com um colega de Gestão, por exemplo. Apostamos fortemente no PBL — Project (ou Problem) Based Learning, ligando sempre a aprendizagem à realidade.

Nos mestrados, os estudantes podem optar entre dissertação, projeto para empresa ou estágio, e temos programas de mentoria entre estudantes. O objetivo é claro: garantir uma formação personalizada, global e prática, com verdadeiro impacto na vida dos estudantes.


Como tem sido liderar esta Universidade, especialmente num momento de tantas mudanças?

Tem sido um grande desafio e uma enorme responsabilidade. Sou a primeira reitora a gerir a Universidade como um todo — Porto e Lisboa — e é um trabalho que exige equilíbrio, visão e rigor.

Queremos manter a exigência académica, mas também o apoio ao estudante. Como digo muitas vezes: não estamos aqui para facilitar, mas também não estamos para prejudicar. O que queremos é formar bons profissionais e cidadãos ativos, que se distingam pela sua qualidade e pelo seu contributo à sociedade.


E para terminar, que mensagem deixa aos jovens e às suas famílias?

A decisão do curso superior é uma das mais importantes da vida. Por isso, o meu conselho é: informem-se bem, e tomem uma decisão consciente — e sentida.

Não escolham só com base no que os amigos vão fazer. Visitem as instituições, perguntem, tragam a família — que é fundamental neste processo. Percebam se se veem ali nos próximos anos, se o ambiente vos faz sentido.

E lembrem-se: a decisão tem que ser vossa. Mesmo que mais tarde mudem de rumo, é essencial que essa escolha parta de vocês. Isso fará toda a diferença.

 

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