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Knaipa: Tradição, peixe fresco e alma leceira à mesa

Situado em Leça da Palmeira, o restaurante Knaipa é mais do que um espaço de refeições — é uma história de paixão, resiliência e autenticidade. Rui Pereira e a sua esposa assumiram o negócio em 2015, movidos pelo sonho comum de criar um restaurante familiar, onde a comida fosse feita com o mesmo carinho com que se cozinha para quem se ama. O caminho não foi fácil, mas com trabalho, dedicação e uma forte ligação à gastronomia local, o Knaipa transformou-se num espaço de referência para quem procura peixe fresco, pratos honestos e um atendimento genuinamente caloroso. Nesta entrevista, Rui conta-nos como tudo começou, os desafios enfrentados e o que faz do Knaipa um restaurante com alma.

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Como surgiu a oportunidade de ficar com o restaurante Knaipa?

Foi em 2015. A minha esposa sempre teve muito jeito para a cozinha e sonhava em ter um restaurante. Um dia, numa conversa, soubemos que o Knaipa ia ficar disponível. O proprietário estava cansado e queria passar o negócio. Como já éramos clientes habituais, entrámos em contacto com ele e avançámos. A minha mulher é engenheira alimentar, eu também tinha o meu trabalho, mas decidimos arriscar por gosto.


Foi fácil o início?

Nada fácil. A casa estava em baixo, com condições muito fracas. Ficou uma funcionária, a minha esposa assumiu a cozinha com ajuda dos meus sogros, e eu ia ajudando como podia. À hora de almoço ia lá dar uma mão e à noite ficava eu. Começámos a abrir à noite, mas ao início era muito fraco. Fomos reconstruindo aos poucos, sempre a reinvestir o que ganhávamos. A Sical ajudou-nos bastante também. Dois anos depois, colocámos uma esplanada nova e as coisas começaram a melhorar.


Quando é que passou a dedicar-se a tempo inteiro ao restaurante?

Quando a nossa filha nasceu, cerca de seis meses depois de termos feito melhorias no espaço antigo. A minha mulher precisava de mais tempo livre e decidi deixar o meu emprego para ficar a tempo inteiro no restaurante. Funcionava melhor assim.


E como foi a transição para o novo espaço?

Ficámos três anos e meio no local antigo, mas o edifício foi vendido. Andámos à procura e encontrámos o espaço onde estamos agora. Já cá estamos há seis anos. A nível de condições é muito melhor, embora a antiga localização fosse à beira-mar, o que ajudava. Aqui conseguimos fazer um serviço diferente, com mais qualidade e mais conforto.


O que mudou na oferta gastronómica com essa mudança?

Conseguimos inovar. Continuamos a ter a brasa, mas introduzimos pratos como arroz de robalo, lingueirão, polvo, bacalhau no forno, açordas… São ideias da minha esposa, que tem muito bom gosto e visão. Apostámos num serviço mais cuidado, com toalhas e guardanapos de pano, serviço à mesa, despinhar o peixe… Tudo isso fez diferença. Perdi alguns clientes que vinham pelas diárias e pelo frango no churrasco, mas ganhei outros que valorizam a qualidade e não se importam de pagar 40 ou 50 euros por refeição.

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O restaurante tem ligação à gastronomia local?

Sem dúvida. As diárias são muito focadas no peixe da lota aqui da zona – petinga, carapau, sobradinhos, fanecas, chocos, lulas, polvo, bacalhau, robalo, rodovalho, peixe-espada… Também temos lingueirão de Aveiro, arroz de tamboril, e vários pratos de carne como secretos de porco, posta de vitela e alheira de Armamar. Trabalhamos com produtos frescos e honestidade: nunca dizemos que um robalo de aquacultura é de mar, por exemplo. O cliente confia em nós.


Recebe muitos turistas?

Sim, especialmente no verão. Há uma pensão aqui ao lado que nos recomenda muito. Temos turistas espanhóis, americanos… Uma vez um americano insistiu em deixar uma gorjeta de 40 euros, fiquei espantado. Tratamos bem quem nos visita, e isso nota-se. Os estrangeiros gostam muito da nossa forma de receber. Mas é instável: há fins de semana fortes e outros muito fracos.


Eventos como o Rali ou festivais ajudam?

Nem sempre. Por exemplo, no fim de semana do Rali, com jogo do Sporting-Benfica incluído, foi péssimo. Mas em eventos como o Senhor de Matosinhos ou os Piratas em Leça, normalmente correm melhor.


Quais são os maiores desafios que enfrenta atualmente?

A maior dificuldade é a incerteza. Neste ramo vive-se um dia de cada vez. Antigamente trabalhávamos ao domingo, mas com a saída da minha esposa, optei por ter folga ao domingo e à segunda-feira à noite, para ter algum tempo em família. Também há sempre o receio de como será o futuro, se vamos ter clientes, se vamos conseguir manter o nível.


Tem planos para o futuro? Alguma novidade ou expansão em vista?

Neste momento, não. O foco é manter a qualidade do serviço, o peixe fresco e o atendimento ao cliente. A sardinha, por exemplo, já começou a aparecer e ajuda muito no verão. E há clientes que só vêm nessa altura – alguns alugam casas por um mês e vêm cá várias vezes.


Que mensagem gostaria de deixar a quem ainda não conhece o Knaipa?

É uma casa familiar, acolhedora, onde fazemos comida como se fosse para os nossos filhos ou netos. Trabalhamos com muito carinho e dedicação. Não é uma casa de luxo, mas é simpática, com 30 anos de história, comida caseira e sobremesas feitas por nós. Temos muitos clientes habituais que já fazem parte da casa. Há uma relação de confiança muito forte, e isso dá-nos força para continuar.


E o nome Knaipa, tem alguma história?

Tem sim. O antigo dono era marinheiro e viveu na Alemanha. “Kneipe” significa taberna em alemão – era onde os marinheiros iam beber umas cervejas depois do trabalho. Não quisemos mudar o nome por respeito à história da casa.

 

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