O Renascer do Perafita
- Notícias de Matosinhos

- 9 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
Israel Mota era só mais um pai que assistia aos jogos do filho, quando percebeu que o clube estava parado no tempo e precisava de uma mudança. Juntamente com quatro amigos, criaram uma comissão administrativa e foram a eleições. Encontraram um clube com problemas financeiros e tiveram que batalhar muito para fazer o Perafita renascer. O NM esteve à conversa com Israel Mota, Presidente do Futebol Clube Perafita.

Como chegou a Presidente do FC Perafita?
Eu e quatro amigos, que éramos sócios, verificámos que o clube estava com problemas e não estava a funcionar. Neste seguimento, começámos a procurar soluções que passavam pelo antigo presidente abandonar o clube ou marcar novas eleições. Acabamos por formar uma comissão administrativa e depois marcar eleições, porque como comissão administrativa dava-nos muito trabalho. Estou há dois anos como Presidente, agora no segundo mandato.
O que é preciso para ser presidente?
Qualquer pessoa pode ser presidente. A diferença é que há uns que querem viver do futebol e há outros, como é o meu caso, é mais um hobby, porque não levamos dinheiro nenhum daqui, zero. É complicada a vida do futebol. Quando queremos atingir outros objetivos, principalmente na equipa sénior, há muita coisa extrafutebol. Não é preciso ter muita sabedoria, é preciso muita disponibilidade, o meu vice-presidente tem, sem ele eu não conseguia. Isto é um bocado gosto e é preciso saber gerir dinheiro, porque entrar aqui é não ter uma fonte de rendimento é muito complicado. Nós não tiramos nada, pelo contrário só prejudicamos a nossa vida, e eu ainda tenho uma grande mulher, o tempo que passamos aqui é complicado.
Sou taxista, trabalho 12 horas por dia e saio às 18h, venho para aqui e ainda estou aqui às 23h. Eu e o meu colega estamos aqui de segunda a segunda.
Quais são as principais dificuldades que enfrenta?
O clube estava com muitos problemas financeiros, herdámos muitas dívidas. Não tinha um telemóvel, um computador e não havia um fundo de rendimento. A situação financeira do clube tem vindo a melhorar e nos últimos três anos apresentamos contas com saldo sempre positivo, estão controladas. Apesar do estádio ser nosso, a manutenção do mesmo ronda os 60 mil euros anuais, é preciso saber gerir o dinheiro.
Ou pago dívidas, ou pago aos jogadores, se eu não pagar as dívidas o clube vai fechar. Só que o que fica para a história não é o que tu pagaste.
Recentemente fizeram obras no balneário. Foi importante?
As instalações estavam a precisar de obras, os tubos estavam fora da parede e estava tudo a verter, quisemos fazer algo. Para conseguirmos um valor aceitável, eu e o vice presidente tivemos que trabalhar e ajudar nas obras do balneário. Os outros balneários também precisam de mudar as tubarias. Nunca desprezamos melhorar as instalações.
De início adiantámos dinheiro para o clube ser inscrito e sobreviver.
O clube também tenta ajudar na formação pessoal/humana dos jogadores?
Sim, nós não queremos ser mais nem menos que os outros. Queremos ser diferentes. Hoje um miúdo que está atrasado dá um salto e fica melhor que o outro, na maioria das vezes o maior problema é lidar com os pais. O que eu quero aqui é bem-estar, e não há um melhor e pior, há uma equipa.
É importante haver uma ligação com a Junta de Freguesia, com a Câmara e com a população?
Sim, uma das coisas que tentamos com a formação foi tentar abrir isto à comunidade. A Câmara de Matosinhos deve ser das que mais ajuda o desporto, eles valorizam muito as atividades desportivas no concelho. Por outro lado, a Junta de Freguesia é muito limitada a nível financeiro, mas, está sempre disponível naquilo que puder ajudar.
Quais são os planos para o futuro?
É um dia de cada vez, não quero fazer muitos planos. A nossa próxima vitória é deixar o clube sem dívidas. Depois disso, o nosso projeto é criar cada vez mais condições no nosso campo e ir evoluindo na formação. Não vale a pena fazer muitos planos no futebol porque de um momento para outro as coisas viram.
Planeia fazer mais obras no estádio?
O projeto passa por mais um campo de treino e mais uma área para treinos de guarda-redes. Agora vamos fazer mais obras no balneário dos árbitros e noutro. Depois vamos ver quando é que temos mais um bocadinho de espaço para fazer obras nos outros dois. Sempre a pensar em inovar.
E no futebol sénior, pretendem subir de divisão?
Para o ano já tenho orçamento para dar uns prémios de jogo aos jogadores. O objetivo é começar a evoluir a nível de resultados. Uma época para seniores a dar prémios é quase 50 mil euros, é a realidade destes clubes. A partir deste ano eu quero inovar e tentar ter resultados.
O seu plano é continuar no futuro?
Já nos passou pela cabeça abandonar nas próximas eleições, no entanto, como já referi estamos a fazer um esforço para pagar as dívidas e gostava de desfrutar do clube sem dívidas. Uma coisa é certa, se abandonarmos, quem vier a seguir não vai ter dívidas.





Comentários